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Ozarfaxinars
e-revista ISSN 1645-9180
Direção: Jorge Lima Edição e Coordenação: Fátima Pais
___94___
Dezembro 2020
Plano de Ação para a Transição Digital
- Da Digitalização das Escolas à Capacitação Digital dos Docentes

Jorge Silva
Assessor Pedagógico do CFAE_Matosinhos para o PATD (Ver nota curricular)
  
A 
pandemia que nos afeta veio evidenciar as desigualdades no acesso aos meios 
digitais de grande parte dos alunos e a necessidade da capacitação dos docentes 
na utilização das novas tecnologias. Neste quadro, e em plena segunda vaga de 
Covid-19, torna-se imperioso acelerar o programa de digitalização das Escolas 
que deve assentar, essencialmente, na capacitação dos docentes na utilização e 
domínio das plataformas digitais nas diferentes vertentes da vida profissional; 
e no acesso de todos os envolvidos a equipamento, plataformas de ensino, 
Internet móvel e conteúdos digitais.
A publicação em Diário da República, em 
Abril de 2020, das Resoluções do Conselho de Ministros nº 30/2020 e nº 31/2020 
foi um passo fundamental para este arranque para a transição digital das 
instituições de ensino público e da sociedade em geral.
Essas Resoluções estabelecem, respetivamente, o enquadramento estratégico do Plano de Ação para a Transição Digital e a criação da estrutura de Missão Portugal Digital que tem como um dos objetivos a coordenação e operacionalização das ações, medidas e iniciativas consideradas como prioritárias.
O Plano de Ação Portugal 
Digital foca-se em três 
pilares fundamentais, incluindo, cada um deles, três sub-pilares.
Pilar I. Capacitação e inclusão digital das pessoas
Pilar II. Transformação digital do tecido empresarial
Pilar III. Digitalização do Estado
	
	Fig. 1. Os três pilares e respetivos sub-pilares do Plano de Ação Digital
	
Transversal a todos eles é contemplada uma dimensão de catalização, que funciona como instrumento de aceleração da transição digital e inclui como catalisadores: Regulação, cibersegurança e privacidade; Economia circular dos dados; Conetividade e infraestrutura; Tecnologias disruptivas; Alinhamento com a estratégia Digital Europeia; Comunicação e promoção.
	
	
	Fig. 2. Catalisadores para a Transição Digital
	
Um dos sub-pilares, identificado como Educação 
	Digital, está diretamente ligado à área educativa. A capacitação e inclusão 
	digital das pessoas pretende ter uma abordagem integrada que assegure 
	medidas diferenciadas para a capacitação e a inclusão digital, em função do 
	ciclo de vida dos cidadãos. Na vertente etária dos ensinos básico e 
	secundário, a integração transversal das tecnologias nas diferentes áreas 
	curriculares visa uma melhoria contínua das aprendizagens, a inovação e 
	desenvolvimento do sistema educativo, a igualdade de oportunidades no acesso 
	a equipamentos e recursos educativos de qualidade, e o investimento nas 
	competências digitais dos docentes e formadores.
Para levar cabo o Plano de Ação para a Transição Digital são enunciadas 12 medidas prioritárias. De entre elas destacamos a Digitalização das Escolas, que inclui:
Formação e capacitação dos docentes na utilização das tecnologias digitais
Modernização tecnológica
Conetividade móvel gratuita para alunos e docentes
Acesso a recursos educativos digitais de qualidade
Acesso a ferramentas de colaboração em ambientes digitais
	Estas medidas visam contribuir para a modernização 
	tecnológica das escolas aproximando-as dos ambientes tecnológicos que os 
	alunos irão encontrar num espaço de trabalho profissional.
	
	O programa de  
	Digitalização das Escolas, que será desenvolvido e 
	liderado por um grupo de trabalho da área governativa da educação, faz, como 
	já referido, uma forte aposta num plano de  
	Capacitação Digital dos Docentes que irá 
	garantir a aquisição de conhecimentos e competências necessárias ao processo 
	de ensino/aprendizagem neste novo contexto digital.
	
	Este plano de 
	Capacitação Digital dos Docentes, aplicado à 
	totalidade do corpo docente, tem como objetivo alicerçar a integração 
	transversal das TIC e outras ferramentas digitais, na sua prática 
	profissional e pedagógica e em outras dimensões do exercício da cidadania. O 
	referencial para o plano de capacitação digital dos docentes será baseado no 
	documento 
	
	DigCompEdu - 
	Quadro Europeu de Competência Digital para Educadores.
	O  
	
	DigCompEdu estabelece competências digitais 
	elementares distribuídas por seis áreas:  
	
Envolvimento profissional Uso de tecnologias digitais por parte dos professores em interações profissionais com colegas, alunos, encarregados de educação e outras partes interessadas, para o seu próprio desenvolvimento profissional e para o bem coletivo da instituição.
Recursos digitais Competências necessárias para usar, criar e partilhar recursos digitais para a aprendizagem, de forma efetiva e responsável.
Ensino e aprendizagem Gestão e articulação da utilização de tecnologias digitais no ensino e aprendizagem.
Avaliação Uso de estratégias digitais para melhorar a avaliação.
Capacitação dos aprendentes Uso do potencial das tecnologias digitais para estratégias de ensino e aprendizagem centradas no aluno.
	
	Promoção da competência digital dos aprendentes
	
	Detalha 
	as 
	competências pedagógicas específicas necessárias para promover a competência 
	digital dos alunos.
	
	
Fig. 3. Competências digitais previstas no DigCompEdu.
Para cada uma dessas competências é proposto um modelo de progressão de 6 níveis de Proficiência Digital que ajuda os docentes a avaliarem e desenvolverem o seu nível de competência digital: Consciência, Exploração, Integração, Especialização, Liderança, Inovação.
	   
	
	
	
	
A Capacitação Digital dos Docentes integra um diagnóstico inicial (Check-in) que consiste num questionário de autorreflexão, cujo preenchimento irá permitir ao respondente ter a perceção do seu nível de proficiência digital, e ao CFAE de Matosinhos posicionar os docentes em um de três níveis de formação, a concretizar na modalidade oficina.
	Para que aceder à plataforma Check-In e 
	responder, de forma anónima, a esse inquérito, é atribuído a cada docente um 
	código, cujo processo de anonimização dos dados, a cargo do Diretor do CFAE, 
	cumpre as normas do Regulamento Geral da Proteção de Dados.
	
No final do preenchimento obterá um relatório que inclui o seu nível de proficiência digital (A1 - Recém.chegado, A2 - Explorador, B1 - Integrador, B2 - Especialista, C1 -Líder, C2 - Pioneiro) global e por área de competência. Poderá proceder à gravação desse relatório final seguindo as instruções: Como guardar o Check-in.
A participação nas oficinas de formação previstas será um 
	contributo fundamental para o incremento das competências digitais dos 
	docentes e o envolvimento no Plano de Ação para o Desenvolvimento Digital 
	(PADD) da Escola.
Para a conceção e implementação dos PADD haverá 
	formação na modalidade de projeto. O PADD será um instrumento fundamental 
	para a evolução do desenvolvimento digital da Escola, devendo constar no seu 
	Projeto Educativo e envolver toda a comunidade educativa no seu planeamento, 
	implementação e avaliação. O roteiro orientador para este documento, a 
	disponibilizar pela DGE, deverá incidir nos diferentes domínios da 
	organização escolar: Envolvimento
	e Desenvolvimento Profissional, Ensino
	e Aprendizagem, Avaliação e Liderança.
O arranque do processo de formação docente e 
	planeamento e implementação dos PADD inclui as seguintes etapas:
Outubro a Dezembro de 2020
- Formação de formadores.
Janeiro a Agosto de 2021
- Preenchimento do inquérito por diagnóstico - Check-in - pelos docentes (8 a 18 de Janeiro).
	
	- 
	
	Constituição das turmas previstas para a Capacitação Digital 
	de Docentes
- Desenvolvimento da formação das primeiras turmas.
	
	- 
	
	Criação das Equipas para a elaboração do PADD;
	
	
	
	- 
	
	Início da formação das Equipas para 
	a elaboração do PADD na modalidade de projeto;
	- 
	
	Avaliação intermédia do Plano de Capacitação Digital dos Docentes.
Setembro de 2021 a Agosto de 2023
- Continuação do desenvolvimento das turmas.
	
	- No final de cada ciclo de avaliação intermédia, responder ao 
	Check-in para 
	feedback das competências digitais dos professores, avaliação do impacto da 
	formação e reformulação e ajustamento aos PADD das Escolas
	
	- 
	Criar novos planos de capacitação digital para os docentes.
	
	C o n s i d e r a ç õ e s   f i n a i s
Estamos perante uma oportunidade única de mudar o 
	processo de ensino e aprendizagem para modelos digitais mais eficazes. Esta 
	aposta na digitalização em contexto escolar traz consigo grandes desafios. O 
	maior deles é a mudança de hábitos e mentalidades para encarar novas 
	abordagens assentes na utilização intensiva das novas tecnologias e recursos 
	digitais. Estamos certos, no entanto, que todos os atores envolvidos estarão 
	à altura deste desafio, e capacitados para transformar o processo de ensino 
	e aprendizagem numa experiência colaborativa eficaz, mais atrativa e 
	motivadora para alunos, professores e encarregados de educação. Este novo 
	enfoque traduzir-se-á naturalmente em melhores resultados escolares, menor 
	abandono e numa melhor preparação dos nossos alunos para enfrentar os 
	desafios digitais de um mundo globalizado.
	Vamos todos dar o nosso melhor…..
	
	M
	
	(1) 
	
	
	
	
	
R e f e r ê n c i a s
Resolução do Conselho de Ministros nº 30/2020, de 21 de Abril, Diário da República n.º 78/2020, Série I
Resolução do Conselho de Ministros nº 31/2020, de 21 de Abril, Diário da República n.º 78/2020, Série I
Lucas, M., Moreira, A. (2018). DigCompEdu – Quadro Europeu de Competência Digital para Educadores. Ed. Universidade de Aveiro, Aveiro
Portugal Digital - Plano de Ação para a Transição Digital de Portugal 
 - 
5 de Março de 2020
Jorge 
Manuel das Neves Silva é professor do grupo de recrutamento 550 (Informática), 
licenciado em Engenharia Eletrónica e Telecomunicação pela Universidade de 
Aveiro e Mestre em Gestão de Informação pela Faculdade de Engenharia da 
Universidade do Porto. Esteve ligado a organizações empresariais como analista 
de sistemas e liderou equipas nos processos de implementação de sistemas de 
informação e desenvolvimento de software em diferentes áreas organizacionais. 
Desde muito cedo também ligado à formação, é um entusiasta da utilização das 
ferramentas digitais nos processos de ensino e aprendizagem. Exerce neste 
momento as funções de Assessor Pedagógico do CFAE de Matosinhos para o PATD - 
Plano de Ação para a Transição Digital.
Agradecemos, desde já, a sua opinião sobre este número - ozarfaxinars@gmail.com
© CFAE_Matosinhos